Antonio Carlos Vendrame
Diversos agentes químicos são incompatíveis entre si, ou seja, quando misturados, podem reagir de maneira violenta, produzir gases tóxicos ou inflamáveis, ou gerar calor e pressão excessiva. É importante evitar a mistura de agentes químicos incompatíveis para prevenir acidentes e incidentes de segurança.
Existem vários tipos de incompatibilidade química, incluindo:
Incompatibilidade de grupo: certos grupos químicos são conhecidos por serem incompatíveis entre si. Por exemplo, os ácidos fortes são incompatíveis com os hidróxidos fortes, pois essa mistura pode produzir calor e vapor de água.
Incompatibilidade por reação: algumas substâncias químicas podem reagir violentamente entre si, produzindo gases tóxicos ou inflamáveis. Por exemplo, a mistura de cloro e amônia pode produzir cloraminas e gases tóxicos.
Incompatibilidade por reação exotérmica: algumas substâncias químicas podem reagir exotermicamente, produzindo calor e pressão excessiva. Por exemplo, a mistura de peróxido de hidrogênio (H2O2) e ácido sulfúrico (H2SO4) pode produzir calor e pressão suficientes para causar explosões.
Incompatibilidade por estrutura: algumas substâncias químicas podem ser armazenadas juntas, mas não podem ser misturadas devido à sua estrutura química. Por exemplo, os solventes orgânicos inflamáveis, como éter e benzeno, não devem ser misturados com solventes aquosos, como água, pois isso pode causar efeitos de choque.
Para evitar acidentes, é importante seguir as orientações de segurança fornecidas pelos fabricantes e manter as substâncias químicas em suas respectivas áreas de armazenamento, além de verificar a compatibilidade das substâncias antes de misturá-las.
Embora os oxidantes possam ser comumente encontrados em residências e locais de trabalho, eles podem representar sérios riscos, incluindo morte, se misturados involuntariamente com materiais incompatíveis. Os oxidantes são encontrados em uma variedade de aplicações, como agentes saneantes, limpadores, fertilizantes, propulsores de foguetes e agentes branqueadores. É fácil ser complacente com o risco porque as pessoas usam muitos desses produtos todos os dias. No entanto, um erro envolvendo a mistura de oxidantes com materiais orgânicos comuns, como óleo, álcool e acetona, pode resultar em uma reação química catastrófica e não intencional que causa uma rápida geração de calor e gás. Isso pode resultar em sobrepressão do equipamento e explosões capazes de destruir uma instalação.
Assim, os oxidantes são materiais perigosos que reagem com facilidade e energia para produzir oxigênio ou outro gás oxidante e podem:
- Fazer com que materiais combustíveis próximos ardam ou entrem em combustão espontânea;
- Intensificar e acelerar um incêndio existente;
- Sofrer decomposição auto sustentável devido à contaminação ou exposição ao calor; e
- Gerar calor e pressão tão rapidamente que pode sobrecarregar equipamentos como secadores, tanques de mistura e recipientes portáteis.
Os oxidantes podem variar em força, mas todos são perigosos e devem ser tratados de acordo com suas propriedades. Os oxidantes comumente usados incluem:
- Bromo;
- Cloratos e percloratos;
- Cromatos e Dicromatos;
- Peróxidos, incluindo Peróxido de Hidrogênio;
- Nitratos e Nitritos;
- Ácido nítrico;
- Hipoclorito e outros produtos alvejantes (por exemplo, alvejante seco clorado); e
- Permanganatos.
Qualquer instalação que use materiais reativos precisa entender o que pode dar errado para proteger os trabalhadores dos perigos associados à mistura não intencional de materiais. São muitas as considerações, entre elas:
1 – Conheça os perigos de decomposição e reatividade de produtos químicos marcados como oxidantes. Faça um inventário de quais materiais estão sendo usados para os esforços de limpeza e sanitização de equipamentos, incluindo purificação de água e manuseio de resíduos.
2 – Conduza uma avaliação de risco com uma equipe multidisciplinar e pergunte: Como os oxidantes podem ser misturados com materiais incompatíveis por engano ou devido à falha do equipamento? E implementar controles administrativos e de engenharia adequados para evitar essas ocorrências.
3 – Implemente procedimentos rigorosos de armazenamento e manuseio para manter os oxidantes longe do calor e armazenar longe de materiais combustíveis.
4 – NÃO devolva o excesso de produtos químicos ao seu recipiente original. Se impurezas orgânicas forem introduzidas no recipiente, poderá ocorrer um incêndio, explosão ou outro evento energético.
Os peróxidos são compostos químicos que contêm o grupo funcional -O-O-.
Eles são considerados uma classe especial de oxidantes, pois contém o átomo de oxigênio em sua estrutura química. Os peróxidos podem ser encontrados em várias formas, incluindo hidrogênio peróxido (H2O2), peróxido de carbamila (RCOOH) e peróxido de alquilo (ROOH).
Os peróxidos podem ser bastante reativos e instáveis, e sua decomposição geralmente resulta na liberação de oxigênio e outros radicais livres. Essa reatividade pode ser aproveitada em aplicações, tais como a produção de papel e tecidos, branqueamento de farinhas e outros alimentos, e a eliminação de contaminantes orgânicos.
Os peróxidos podem ser altamente reativos e instáveis, e sua decomposição geralmente resulta na liberação de oxigênio e outros radicais livres. Isso pode causar efeitos de choque, pressão e calor excessivo, e até mesmo explosões. Além disso, os peróxidos podem reagir com outras substâncias químicas, produzindo gases tóxicos ou inflamáveis.
Os peróxidos também podem ser perigosos para a saúde humana. O hidrogênio peróxido, por exemplo, pode causar irritação na pele e nos olhos e pode ser tóxico se ingerido em abundância. Além disso, os peróxidos podem reagir com os tecidos do corpo, causando danos celulares e teciduais.
Para evitar acidentes com peróxidos, é importante seguir as orientações de segurança fornecidas pelos fabricantes e manter as substâncias químicas em suas respectivas áreas de armazenamento. Além disso, é importante usar equipamentos de proteção individual, como luvas, óculos de segurança e roupas de proteção, ao manusear peróxidos. É importante também verificar a compatibilidade das substâncias antes de misturá-las.