Tanto em experiências na vida profissional, quanto na vida acadêmica, fazemos a mesma pergunta aos alunos do curso técnico em segurança do trabalho: “Por que você cursa (ou cursou) o técnico em segurança do trabalho?”
A esmagadora maioria aponta como motivo principal o atrativo piso salarial! O que é bastante preocupante… Não se opta por uma carreira profissional pelo salário que ela oferece. Ademais, o salário não deve ser fator preponderante numa escolha desta natureza, pois se assim fosse, ninguém cursaria pedagogia, por exemplo, que é uma profissão extremamente mal remunerada e pouco reconhecida.
Porém, aqueles que optam em ser professores já conhecem tais questões e, mesmo assim, por total convicção e vocação acabam se dedicando a esta nobre atividade. Voltando ao técnico de segurança do trabalho, a realidade é a inversa… Percebe-se que os alunos não estão convictos do que fazem, tampouco possuem vocação para a área.
A primeira qualidade que um técnico de segurança precisa possuir é o “gostar de gente”, se interessar por pessoas e estar disposto a cuidar delas. No seu cotidiano, o TST lidará com pessoas em todos os níveis, desde o Presidente da empresa, até o serviços gerais.
O TST deve possuir empatia, forte comunicação e poder de persuasão para convencer os trabalhadores a cumprir as normas de segurança do trabalho, bem como usarem os EPIs – equipamentos de proteção individual. O profissional pode se dedicar ao trabalho de campo, realizado inspeções e vistorias, bem como ao trabalho em gabinete, elaborando documentos, implantando sistemas e criando normatizações internas.
Ser TST é ser um misto de (i) advogado, (ii) médico, (iii) engenheiro e (iv) psicólogo, claro que com as devidas limitações de uma formação de nível médio. (i) Advogado pois deve conhecer a legislação em segurança e saúde no trabalho e aplicá-la ao caso real do dia a dia. (ii) Médico uma vez que deve estar atento aos eventuais sintomas de doenças dos trabalhadores, bem como a investigação sobre tais causas. (iii) Engenheiro porque estuda e avalia o ambiente de trabalho com finalidade de prevenir acidentes e doenças. (iv) Psicólogo já que lidará com seres humanos, cada qual com suas particularidades e expectativas e, precisará passar a cada um deles sua mensagem de prevenção e segurança no trabalho.
Desta forma, a função do TST não é meramente de auxílio ao engenheiro de segurança do trabalho, mas de protagonista na materialização das medidas projetadas para melhorar um ambiente de trabalho. É o TST que está na linha de frente, vencendo os obstáculos e fazendo o trabalho de “formiguinha” na conscientização dos trabalhadores.
Assim, fica clara a importância do papel do TST numa empresa e, não pode tal função ser desempenhada por alguém que somente se preocupa com seu piso salarial. É preciso amor à profissão, é preciso vocação e é preciso muita abnegação para ser um TST de sucesso.
Veja que até este momento nada falamos sobre o conhecimento técnico que um TST deveria possuir, uma vez que este deve ser inerente a toda e qualquer profissão, sob pena de termos impostores exercendo uma função. No entanto, o conhecimento técnico vem com a experiência, com o tempo no trabalho. Mas a vocação se nasce com ela! Vocação não se desenvolve ou se aperfeiçoa.
Já conheci vários profissionais que foram obrigados pela família a cursarem determinada faculdade, mas nunca exerceram suas funções. Conheci um médico pneumologista que gostava de TI e, nunca atuou como médico. Conheci outro médico que gostava de pilotar aeronaves e, revezava o trabalho de piloto com cirurgião.
Lembre-se que dinheiro é consequência de um trabalho bem feito. Ninguém fica sem reconhecimento durante muito tempo, é impossível! Lembre-se também que não é a profissão escolhida que lhe trará reconhecimento, mas a forma como desenvolve seu trabalho. Traduzindo o salário é diretamente proporcional à entrega que o profissional faz.
Não faça um curso só porque seu amigo fez, ou porque sua família assim o quer, ou porque o mercado de trabalho paga bem… Faça um curso que o realize como ser humano, no qual você possa ser desafiado a cada, no qual você possa utilizar todo o seu potencial e, só assim será feliz no seu trabalho. Muitos profissionais estão doentes porque detestam o que fazem… Não seja mais um! Faça o que você realmente gosta!