Como detectar perigos potenciais à segurança do trabalho em máquinas e equipamentos

Como detectar perigos potenciais à segurança do trabalho em máquinas e equipamentos

Dr. Antonio Carlos Vendrame

20 de junho de 2023

Saiba como detectar perigos potenciais à segurança do trabalho em máquinas e equipamentos.

Em pleno século XXI, os trabalhadores ainda se lesionam, ficam doentes ou morrem como resultado dos perigos relacionados a máquinas e equipamentos em todos os setores da indústria.

Existem inúmeros perigos potenciais em torno de máquinas e equipamentos, tais como:

  • perigo de contato com partes móveis;
  • contato com eletricidade, calor, fogo, frio;
  • contato com gás ou líquido pressurizado;
  • exposição aos produtos químicos nocivos;
  • exposição ao ruído, radiação, vibração;
  • falta de ergonomia adequada no local de trabalho.

 

Esses perigos estão por todos os lados e, mais comumente:

  • nas áreas de alimentação dos materiais na máquina: carregamento, limpeza;
  • nas áreas onde a máquina corta, gira, perfura, molda, punciona ou se move de qualquer forma;
  • nas atividades de operação, limpeza e manutenção, solução de problemas e reparos, ajuste, configuração;
  • nas engrenagens, rodas, cilindros, correias, rolos, correntes, cabos, rodas dentadas;
  • perto de empilhadeiras, talhas, pontes rolantes e equipamentos móveis;
  • nas imediações de transportadores, elevadores e guindastes;
  • perto de qualquer maquinário e equipamento que possa liberar energia.

 

Detalhes dos perigos potenciais à segurança do trabalho

Entenda detalhes dos perigos potenciais que colocam em risco a segurança do trabalho.

 

Perigo com partes móveis

Existem vários movimentos de máquinas e equipamentos que podem causar acidentes, colocando em risco a segurança do trabalho. Alguns dos principais movimentos que devem ser observados incluem:

 

Movimento rotativo

O movimento rotativo pode ser encontrado em motores elétricos, serras circulares,  polias, brocas, calandras, rebolos, tornos, eixos, fresadoras, mandriladoras, engrenagens e corrente e outras ferramentas rotativas.

Esse movimento pode causar lesões graves, como amputações e fraturas.

 

Movimento de translação 

O movimento de translação ocorre quando uma peça se move para frente e para trás ou para cima e para baixo em linha reta.

Isso pode ser encontrado em prensas, guilhotinas, serras tico-tico, furadeiras, cortadoras, máquinas de costura, martelo, rebitadeiras, braços robóticos e outros equipamentos.

Esse movimento pode causar esmagamento e outras lesões graves.

 

Movimento de cisalhamento 

O movimento de cisalhamento ocorre quando duas peças se movem em direções opostas, como, por exemplo, nas guilhotinas mecânicas ou hidráulicas, prensas de corte, tesouras mecânicas ou elétricas, máquinas de corte a jato de água, máquinas de corte a laser, máquinas de corte de plasma, cilindros de cisalhamento, máquinas de corte com faca giratória, guilhotinas de ângulo variável, etc.

Esse movimento pode causar cortes e lacerações graves.

 

Movimento transversal

O movimento transversal ocorre quando uma peça se move em uma linha reta para outro objeto.

Isso pode ser encontrado em serras de fita, em correias transportadoras, lixadeiras de cinta, empilhadeiras, robôs e outras ferramentas. Esse movimento pode causar cortes e amputações graves.

É importante que os trabalhadores que operam máquinas e equipamentos estejam cientes desses movimentos e saibam como evitar acidentes relacionados a eles.

A implementação de medidas de segurança, como as proteções fixas e móveis, sensores, cortinas de luz e a utilização de equipamentos de proteção individual (EPIs), também pode ajudar a prevenir acidentes.

 

Contato com eletricidade, fogo, calor, frio e outras energias

O trabalhador pode entrar em contato com eletricidade, calor, fogo ou frio: 

  • Em painéis de energia, circuitos elétricos, ponto de energia viva, linhas, fornos e elementos de aquecimento;
  • Perto de recipientes químicos, cubas, tubulações, bombas e compressores;
  • Perto de guindastes e outros dispositivos de elevação;
  • Durante os trabalhos de manutenção e reparação.

 

As ocorrências que colocam em risco a segurança do trabalho são as mais diversas, podendo o trabalhador:

  • se lesionar se entrar em contato com eletricidade (por exemplo, aterramento defeituoso), chamas, materiais quentes ou frios, e superfícies ao redor do maquinário;
  • sofrer queimaduras – e em alguns casos ferimentos por congelamento – próximo à realização de soldagem, equipamentos de congelamento, painéis e circuitos elétricos, derretimento, cozimento, aquecimento, vaporização, extrusão, trabalhos de galvanização;
  • ser queimado ou atingido se o combustível pegar fogo e o equipamento explodir;
  • se machucar se houver queda de equipamentos ou materiais devido a energias gravitacionais ou mecânicas descontroladas, como problemas com amarração incorreta ou levantamento de cargas por guindaste.

 

Contato com produtos químicos nocivos

O contato pode ocorrer com líquidos, pós, poeiras, fumaças, vapores, névoas, fumos, sólidos e semissólidos (por exemplo, graxas) usados em máquinas e equipamentos.

O trabalhador pode entrar em contato com produtos químicos nocivos que podem queimar, explodir, corroer, envenenar ou irritar, como, por exemplo, fluidos de usinagem de metais, lubrificantes, desengraxantes, etc.

Dentre os perigos à segurança do trabalho está o fato de que o trabalhador pode entrar em contato ou ser exposto a produtos químicos nocivos:

  • em ou perto de trabalhos de pintura, soldagem, soldagem, corte, mandrilhamento, retificação, rosqueamento, alargamento, lapidação, perfuração, brochagem;
  • lubrificantes para máquinas, desengordurantes, refrigerantes, protetores superficiais, desmoldantes, tintas, combustível, produtos de limpeza;
  • em trabalhos de revestimento em cubas, tanques;
  • durante os trabalhos de manutenção e reparação;
  • sistemas de tubulação, válvulas, fossas, reservatórios e espaços confinados.

 

Contato com gás ou líquido pressurizado

O trabalhador pode entrar em contato com líquido ou gás de alta pressão:

  • em bicos de linhas de spray de limpeza e pintura pressurizadas, jatos de ar;
  • em torno de injetoras, autoclaves, extrusoras, recipientes químicos, cubas, tubulações, bombas e compressores;
  • durante os trabalhos de limpeza, manutenção e reparação.

 

O trabalhador pode se lesionar na utilização ou manuseio de:

  • gás ou líquido de alta pressão;
  • lata de gás ou líquido pressurizado que pode perfurar a pele, cortar e cegar;
  • ar ou líquido pressurizado usado de forma indiscriminada, como, por exemplo, limpar a pele, pode injetar produtos químicos nocivos ou bactérias.

 

Contato ou exposição a ruído, radiação, vibração

Nas máquinas sem proteção, com ausência de procedimentos de trabalho seguros ou sem a proteção pessoal adequada, as ondas sonoras e de energia de radiação podem viajar por zonas mais amplas no local de trabalho:

  • em trabalhos de estampagem, forjaria, serragem, retificação e polimento;
  • em trabalhos de soldagem e corte;
  • em trabalhos com moinhos, trituradores, peneiras e secadores;
  • em trabalhos de metalurgia, pelo uso de laminadores, fornos e prensas;
  • em atividades de construção civil, com o uso de equipamentos pesados, como escavadoras, martelos pneumáticos e serras elétricas;
  • na indústria da mineração, com o uso de brocas e escavadoras;
  • na indústria de petróleo e gás, com o uso de plataformas de perfuração, compressores e torres de refino.

Há perigo à segurança do trabalho porque os efeitos são os mais diversos desde o deslocamento temporário do limiar auditivo, até a surdez irreversível, síndrome da vibração e câncer.

 

Ausência de ergonomia adequada no local de trabalho

A ausência de implantação de preceitos de ergonomia nas atividades de trabalho pode expor os trabalhadores a:

  • Repetição excessiva de tarefas;
  • Força excessiva usada nas tarefas;
  • Movimento prolongado e repetitivo;
  • Posturas inadequadas durante o trabalho;
  • Manuseio excessivamente estressante;
  • Vibração;
  • Frio excessivo e prolongado, calor, pouca iluminação, ruído.

 

O trabalhador nessas condições pode experimentar os mais diversos efeitos, sintomas ou doenças tais como:

  • Lesão dos tecidos moles: por exemplo, entorse;
  • Dedo em gatilho: flexão repetida dos dedos, preensão prolongada;
  • Síndrome do Túnel do Carpo: extensão ou flexão repetida do punho, desvio ulnar, força de pinça excessiva;
  • Fenômeno de Raynaud: uso prolongado de ferramentas vibratórias;
  • Tenossinovite: pinçamento forte, desvio ulnar, preensão prolongada;
  • Epicondilite: rotação prolongada e excessiva do antebraço;
  • Tendinite: no bíceps devido à flexão forçada do antebraço;
  • Tendinite do manguito rotador: por trabalhar repetidamente com os braços acima do nível do ombro.

 

O que decorre de posturas ou manuseio inapropriado tais como:

  • cotovelos elevados acima da altura do pulso;
  • flexão/desvio excessivo do punho;
  • pinçar materiais, produtos ou ferramentas constantemente, ou martelar constantemente;
  • rotação ou torção do antebraço constantemente;
  • flexão extrema do cotovelo;
  • flexão para trás, torção ou flexão lateral excessivamente.

 

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A proteção de máquinas na segurança do trabalho

O princípio básico da proteção de máquinas é a chamada prevenção intrínseca. 

Toda máquina deve ser segura em si mesma, de forma que, desde o seu projeto, ela deve atender a requisitos mínimos de segurança que garantam a segurança dos trabalhadores que a utilizam.

Ao mesmo tempo, uma série de condições ou precauções também devem ser atendidas quando se trata de sua instalação, uso, manutenção ou reparo.

 

O que diz a NR 12

A NR 12 é responsável por definir os princípios fundamentais e medidas de proteção necessárias para a segurança do trabalho, inclusive estabelecendo requisitos mínimos para a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização de máquinas e equipamentos.

Há três principais requisitos da NR 12 cujo descumprimento tem penalizado as empresas com autuações e, até mesmo interdições, pois colocam em perigo a vida e a saúde dos trabalhadores:

  • sistemas de segurança;
  • dispositivos de intertravamento;
  • dispositivos de parada de emergência.

 

Sistemas de segurança

Os sistemas de segurança em zona de perigo de máquinas ou equipamentos são representados por proteções fixas, proteções móveis e dispositivos de segurança interligados, os quais devem ser instalados em zonas de perigo em máquinas e equipamentos.

A instalação de tais sistemas deve considerar as características técnicas do equipamento, bem como das peculiaridades do processo de trabalho, frente às medidas e alternativas técnicas existentes.

A seleção e instalação deve observar os requisitos que os sistemas de segurança precisam obedecer segundo a categoria de segurança com prévia análise de riscos, para que tais sistemas não possam ser neutralizados ou burlados.

Estes dispositivos podem, ou não, estar associados às proteções. Eles são representados por:

  • comandos elétricos que realizam o monitoramento de outros dispositivos do sistema e impedem que falhas provoquem a perda da função de segurança;
  • dispositivos de intertravamento;
  • sensores de segurança, que são detectores de presença, atuando quando uma pessoa ou parte do seu corpo ingressa na zona de perigo, enviando um sinal para interromper ou impedir o início de funcionamento;
  • válvulas e blocos de segurança que são dispositivos de comando operados manualmente, e que habilitam o dispositivo de acionamento.

 

Dispositivos de intertravamento

Os dispositivos de intertravamento estão relacionados às proteções fixas, as quais devem ser mantidas em sua posição de forma permanente, cuja retirada possa somente ser realizada com ferramentas.

Tais proteções devem funcionar durante toda a vida útil da máquina, bem como possibilitar sua eventual manutenção.

A proteção não pode criar pontos de esmagamento ou agarramento. Além disso, deve ser à prova de burla!

 

Dispositivos de parada de emergência

Os dispositivos de parada de emergência não podem ser utilizados como dispositivo de parada de emergência ou como partida ou de acionamento.

Tais dispositivos devem ser instalados em local de fácil acesso e visualização pelo operador. No entanto, devem ser utilizados como medida auxiliar, não se prestando a ser alternativa às medidas adequadas de proteção ou a sistemas automáticos de segurança.

Finalmente tais dispositivos devem prevalecer sobre todos os demais comandos.

 

Curso de NR 12

A Vendrame Consultores, líder em treinamentos de segurança do trabalho, em parceria com a Automasafety, empresa renomada em soluções para proteção de máquinas, ministrará de 01 a 03 de agosto de 2023, em São Paulo, o curso de NR 12.

Com o objetivo de levar aos participantes conhecimentos atualizados e práticos sobre a norma regulamentadora, essa parceria combina a expertise da Vendrame Consultores na área de segurança do trabalho com a excelência em soluções para proteção de máquinas da Automasafety.

Durante o curso, os participantes terão a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a NR 12, além de aprender técnicas avançadas em proteção de máquinas, com profissionais altamente capacitados e experientes.

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