Óleo mineral, graxa e fluido de corte: composição, aplicações, riscos à saúde, exposição ocupacional e insalubridade

Óleo mineral, graxa e fluido de corte: composição, aplicações, riscos à saúde, exposição ocupacional e insalubridade

Antonio Carlos Vendrame

4 de julho de 2023

Os óleos são universalmente difundidos em atividades industriais, sendo que as principais aplicações são: lubrificantes, fluidos hidráulicos e fluidos de corte. Das três aplicações, os fluidos de corte são os mais perigosos às vias respiratórias. Diversos tipos óleos são utilizados: óleo mineral, óleo vegetal e óleo sintético, o qual é diluído em água, para corte de metais. O óleo mineral é um líquido derivado do petróleo e amplamente utilizado em diversos setores industriais e comerciais. Sua composição química e propriedades físicas tornam-no útil em uma variedade de aplicações. No entanto, também é importante considerar os riscos associados ao uso de óleo mineral, especialmente em relação à saúde humana. Neste artigo, exploraremos a composição do óleo mineral, suas aplicações e usos comuns, bem como os possíveis riscos à saúde que devem ser considerados ao lidar com esse produto.  

Composição do óleo mineral

O óleo mineral é uma mistura complexa de hidrocarbonetos, obtida através do refinamento do petróleo. Sua composição pode variar dependendo da origem do petróleo, do processo de refino e das especificações do produto final. Geralmente, é composto principalmente por hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, como parafinas, naftenos e compostos aromáticos, como benzeno, tolueno e xilenos. A faixa de peso molecular dos componentes do produto é ampla, variando de hidrocarbonetos leves, como o hexano, a hidrocarbonetos pesados, como o óleo mineral branco.  

Aplicações e usos do óleo mineral

O óleo mineral possui uma ampla gama de aplicações industriais e comerciais. Confira alguns dos usos mais comuns.  

Lubrificantes

Devido às suas propriedades de baixa viscosidade e resistência à oxidação, o óleo mineral é amplamente utilizado como lubrificante em motores, máquinas e equipamentos industriais.  

Cosméticos e produtos de cuidados pessoais

O óleo mineral é encontrado em muitos produtos cosméticos, como loções, cremes e óleos corporais, devido à sua capacidade de reter a umidade e formar uma barreira protetora na pele.  

Indústria farmacêutica

É usado como veículo em formulações de medicamentos e como agente de revestimento para comprimidos e cápsulas.  

Indústria de alimentos

Pode ser usado em certos processos de fabricação de alimentos, como a produção de óleos vegetais refinados.  

Riscos à saúde e considerações

Embora o óleo mineral tenha várias aplicações úteis, é importante considerar os possíveis riscos à saúde associados ao seu uso. Entenda alguns pontos a serem considerados.  

Contaminação

O óleo mineral pode conter impurezas, como compostos aromáticos, que são considerados cancerígenos e tóxicos para os seres humanos. É crucial garantir que o produto utilizado esteja dentro das especificações de pureza adequadas para a aplicação desejada. Devido à sua baixa pressão de vapor, o risco de inalação é desprezível em condições normais de trabalho. No entanto, a exposição maciça às névoas, sob altas temperaturas, como, por exemplo, no processo de usinagem, poderá causar irritação da mucosa respiratória e pneumonite química, pelo contato do tecido pulmonar com partículas em suspensão. O óleo mineral contendo aromáticos, em contato com a pele, remove a gordura da estrutura da membrana celular, provocando hiperemia (vermelhidão), irritação, coceiras e eczema crônico. A exposição prolongada ao produto contendo aromáticos, pode provocar o bloqueio dos poros da pele, principalmente na face, tórax, nos antebraços, nas coxas, levando à formação de acne e foliculites. A exposição prolongada e contínua aos óleos que contenham substâncias carcinogênicas na sua composição, poderá produzir lesões benignas ou malignas na pele.  

Toxicidade

A exposição prolongada ao óleo mineral pode levar a efeitos adversos à saúde, como irritação da pele, dos olhos e do trato respiratório. Além disso, a inalação de vapores ou a ingestão acidental pode causar problemas respiratórios, náuseas, vômitos e outros sintomas.  

Considerações ambientais

O produto pode causar impactos ambientais negativos se for descartado de forma inadequada. Derramamentos ou lançamentos não controlados podem contaminar solos, águas superficiais e subterrâneas, afetando a fauna, a flora e os ecossistemas.   Artigos Relacionados

Alternativas mais seguras

Em muitos casos, existem alternativas mais seguras ao óleo mineral, como óleos vegetais, sintéticos ou biodegradáveis. É importante considerar essas opções quando possível, especialmente em aplicações que envolvem contato direto com a pele ou consumo humano.  

A legislação de insalubridade

De acordo com a NR 15, não foi estabelecido Limite de Tolerância para o óleo mineral, sendo que o enquadramento é realizado de forma qualitativa. No entanto, não é a simples presença ou uso do produto que são ensejadores da percepção do adicional de insalubridade. É preciso que ocorra de fato a exposição ao produto e, que de fato o produto seja nocivo à saúde, uma vez que temos vários produtos elaborados a partir do óleo mineral e que são tidos como medicamentos e cosméticos, a exemplo de:  

Laxantes

Alguns laxantes orais podem conter óleo mineral como um dos ingredientes ativos. Esses laxantes ajudam a amolecer as fezes e facilitar o movimento intestinal.  

Pomadas e cremes

Certas pomadas e cremes tópicos podem conter o produto como um veículo ou componente emoliente. Eles são frequentemente usados para hidratar a pele, aliviar a secura e ajudar na cicatrização de feridas.  

Produtos para alívio de constipação

Alguns produtos disponíveis sem receita médica para aliviar a constipação ocasional podem conter óleo mineral em sua composição, juntamente com outros ingredientes ativos.  

Emolientes e loções corporais

Alguns produtos para cuidados com a pele, como emolientes e loções corporais, podem conter o produto para ajudar a hidratar e suavizar a pele.  

Generalização de todos os óleos minerais

Lamentavelmente o anexo 13 da NR 15 generaliza todos os óleos minerais adjetivando-os como cancerígenos e, em consequência atribui a insalubridade para todos os trabalhadores que manuseiam tais óleos. A carcinogenicidade atribuída aos compostos do anexo 13 da NR 15 é devida aos Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares (PAHs), presentes no alcatrão, asfalto, óleo cru não refinado, óleo queimado e nos fumos de parafina. No entanto, nem todo óleo mineral contém PAHs, os quais são comumente encontrados no óleo queimado, ou mesmo no óleo cru, não refinado ou ainda no petróleo puro.  

Graxas

A graxa é uma complexa mistura de hidrocarbonetos, em estado sólido ou semissólido e é constituída de óleo lubrificante e sabões, que são usados para adensamento, possuindo também aditivos para dar propriedades específicas. De acordo com a NR 15, não foi estabelecido Limite de Tolerância para a graxa. Os efeitos tóxicos das graxas dependem de sua composição, sendo que seu principal risco à saúde é a dermatite por contato. Não existem riscos de inalação de vapores em condições normais de uso, executando-se situações onde haja pressões e temperaturas elevadas. As graxas bloqueiam os poros, e surgem foliculites, mais popularmente conhecidas como “infecção do pé de cabelo” e acne. Os efeitos estão diretamente relacionados com os aditivos presentes na composição da graxa. Ainda é necessário esclarecer que o anexo 13 da NR 15 possui enquadramento específico aos óleos no estado líquido, capazes de produzir neblinas em processos industriais.] No entanto, a graxa é um semissólido e não produz qualquer forma de aerodispersoide ou vapor nos processos industriais. Embora o óleo e a graxa sejam derivados de petróleo, as graxas também podem ser sintéticas, inclusive contendo em sua composição silicones e outros polímeros, não tendo qualquer similaridade com os óleos.  

A compreensão garante a segurança

O óleo mineral é um produto versátil e amplamente utilizado em várias indústrias. É essencial compreender sua composição, aplicações e possíveis riscos à saúde para garantir o uso adequado e seguro desse líquido. Ao lidar com óleo mineral, é fundamental seguir as práticas de segurança recomendadas e considerar alternativas mais seguras quando aplicável. A conscientização e a educação sobre os riscos envolvidos são essenciais para promover o uso responsável do óleo mineral e a proteção da saúde humana e do meio ambiente. Quer saber mais ou ficou com alguma dúvida sobre aplicações, riscos à saúde, exposição ocupacional e insalubridade relacionados ao óleo mineral? Entre em contato conosco. Nós podemos ajudar!