Antonio Carlos Vendrame
Como você se portará na avaliação de perigos do seu PGR? Vai incluir todos os perigos possíveis e imagináveis, podendo ser até esdrúxulo? Ou vai ser bem superficial e incluir somente alguns perigos, podendo incorrer em omissão?
Dependendo de quem elabora o PGR, podemos ter uma enorme variabilidade de inclusão de perigos. Alguém já pensou nisso? Imagine um escritório onde o esdrúxulo computava o risco de inalação de solventes contidos no corretor líquido (no passado os corretores líquidos eram à base de solvente) e, o omisso desconsiderava o ruído em ambientes de escritório.
Agora com a inclusão dos riscos ergonômicos e de acidentes, os limites entre o esdrúxulo e omisso foram alargados tremendamente. Uns dirão que trabalhar sentado durante todo o dia é risco ergonômico, outros nem enxergarão esta condição. Uns dirão que só porque existem escadas na empresa é preciso constar o risco de queda, outros nem perceberão a escada. Uns dirão que aqueles que utilizam carro da empresa estão sujeitos ao risco de acidentes de trânsito, outros dirão que mesmo aqueles que utilizam carro próprio estarão sujeitos ao mesmo risco.
Definitivamente segurança do trabalho não é uma ciência exata! E no caso da avaliação dos perigos ficamos à mercê de quem realiza tal avaliação. É da essência do ser humano a existência de pontos de vista diferenciados, até mesmo pela percepção de risco individualizada. No entanto, o treinamento na percepção dos riscos pode nivelar um pouco melhor os profissionais, mas ainda assim, existirão sérias divergências…
Mas voltando à avaliação do perigo no PGR, a legislação apenas diz o que fazer e, não como fazer (e nem poderia ser diferente…), deixando o profissional livre inclusive para escolher a matriz a ser utilizada e técnica de análise de risco. Alguns nivelarão por cima e, outros por baixo, o que refletirá também nos custos de elaboração do documento.
Finalmente é preciso ressaltar que no caso de ocorrência de um acidente de trabalho cujo perigo não esteja apontado no PGR, fica caracterizado o descumprimento da NR 01, uma vez que não houve o gerenciamento do risco que gerou o acidente, bem como, das normas regulamentadoras que, porventura, tenham sido descumpridas.
Por óbvio que sair da “zona de conforto” é um problema sério… Mas o PGR nos fará levantar da cadeira e “enfiar a mão na massa” não somente uma vez ao ano, mas a cada novo dia teremos uma nova lição a aprender com os riscos ocupacionais! A propósito, não seja esdrúxulo em seu PGR, nem seja omisso, seja uma média dos dois, seja ponderado e busque sempre o equilíbrio em suas avaliações. Boa sorte com seu PGR!
A Vendrame Consultores pode auxiliá-lo na implantação do PGR. Não protele a implantação de seu PGR e, não fique sujeito às multas impostas pela fiscalização trabalhista, especialmente neste momento de fim de pandemia, quando os AFTs – Auditores Fiscais do Trabalho – retornarão ao trabalho externo.